domingo, 19 de junho de 2011

Pudim de Nozes

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Os clientes do hotel onde eu trabalho adoram pedir receitas. Às vezes tenho que ir lá, conversar com eles, explicar que certas receitas são muito complexas, que requerem produtos que não se encontram nos supermercados e por aí vai. Algumas levamos mais de um dia para fazer, pois são muitos componentes, que devem ser preparados, congelados e depois montados para se tornarem uma sobremesa só.

Porém tem aquelas receitas super fáceis de fazer, como pudins, sagu, ambrosia. Sobremesas clássicas da culinária brasileira que encantam muita gente.

Daí eu sempre dava o endereço do blog para eles acessarem e copiarem as receitas. Só que como a coisa andava corrida nos últimos tempos e eu acabei ficando mais de ano sem escrever, devo ter deixado muita gente decepcionada, porque acabava não postando as tais receitinhas.

Agora, que estou aí, só cuidando da minha Maria Flor, decidi colocar em dia as receitas de sobremesas caseiras que fazemos na confeitaria do hotel.

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Então para começar, a receita de um dos pudins que eu mais gosto, o de nozes.

Pudim de Nozes
2 latas de leite condensado
250ml de leite
2 ovos
120g de nozes
Açúcar para o caramelo
Derreta o açúcar numa panela, ou diretamente na forma de pudim, até ficar bem dourado.
Em um recipiente, despeje o leite condensado e os ovos. Misture bem.
Bata o leite com as nozes no liquidificador até ficarem bem trituradas.
Adicione o leite de nozes ao leite condensado e misture até ficar homogênio.
Despeje a preparação na forma de pudim.
Asse em banho maria durante 55min.

A maioria das pessoas batem todos os ingredientes direto no liquidificador. Tudo depende da aparência que você deseja para o seu pudim. No liquidificador ele incorpora ar e fica mais aerado. Eu já acho mais bonito sem todos aqueles furinhos, por isso prefiro fazer à mão, misturando tudo com uma espátula. Aí vai do gosto de cada um. No final, o sabor é o mesmo!

Deixe o pudim durante um dia na geladeira, antes de desenformar. Os sabores ficam maturando e o resultado é sempre mais gostoso.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

As Melhores Coisas da Vida - Uma Abóbora e suas Mil e Uma Utilidades

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Neste último fim de semana fomos para Santos, conhecer toda a família do Pedro que mora lá e apresentar a Maria Flor para eles. Numa dessas eu, o Pedro e a Ilza, minha sogra, começamos a conversar sobre comidas que nos lembravam a infância ou que gostaríamos de comer pelo menos mais uma vez na vida.

O Pedro, que deixou de comer carne vermelha há uns anos, disse que abriria uma exceção para comer um macarrão com carne moída que a avó dele fazia quando era pequeno. Diz ele que era um macarrão sem molho nem nada, só com a carne moída bem sequinha. Enquanto ele falava com tanta vontade, parecia ser o macarrão mais gostoso do mundo.

Daí a Ilza me disse, que se pudesse escolher alguma coisa, seria um bolo de café, bem molhadinho que a mãe dela fazia quando era criança. Só que a mãe dela desconhece a receita e sequer lembra que fazia o tal bolo. Mas para ela, ele havia se tornado inesquecível.

Já eu tenho a lembrança mais remota de uma sopa de café com leite e pão amanhecido que meu avô comia no café da manhã. Meus avós moravam em Canela e volta e meia eu e minhas primas íamos dormir lá. Lembro daquele frio infernal que fazia no inverno, de acordar tremendo sempre enrolada num cobertor. Desde cedo o fogão a lenha já estava aceso, se esforçando para esquentar uma casinha de madeira inteira. E lá estava meu avô, comendo sua sopa de pão.

Ao invés de colocar o café com leite na caneca ele colocava num prato fundo, daqueles duralex meio marrom. Daí colocava bastante açúcar e pedaços de pão amanhecido. E fazia o mesmo para nós, os netos, que achavam que aquele era o melhor café da manhã da face da terra. Parece bem sinistro falando assim, e realmente eu nunca comia essa sopa fora da casa dos meus avós. Tentei fazer em casa uma vez, mas não tinha o mesmo gosto, nem a mesma emoção. Deve fazer mais de 20 anos que não como essa sopa, mas ainda me lembro do cristais de açúcar que não se dessolviam e ficavam no pão, fazendo barulhinho quando eu mordia.

E daí tinha também os doces em calda que a minha vó Isolda fazia. Doce de abóbora e doce de chuchu. Abóbora em calda a gente sempre faz no hotel. Mas o doce de chuchu fazia mil anos que eu não comia. No dia que eu ia ligar para ela para saber como ela fazia, meu pai me liga antes me dizendo que tinha trazido de Canela dois potes de chuchu em calda que a vó tinha feito pra ele. Nem acreditei. Também fazia uns 20 anos que eu não comia. É super doce, mas eu super amo!

Tudo isso pra contar que minha mãe chegou em casa com uma abóbora seca que uma amiga planta no jardim de casa, sem agrotóxicos nem nada, bem do jeito que eu amo.

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Sem nada pra fazer, resolvi desvendar a abóbora. O bom da abóbora é que ela serve para doce e salgado e que dá para ocupar tudo nela, desde a casca até as sementes.

Amo pure de abóbora, abóbora caramelada, abóbora em calda. Até churros de abóbora eu já comi, fazíamos no Sofitel de Biarritz, onde fiz estágio. Mas uma coisa que nunca tinha comido era a famosa Pumpkin Pie, a torta de abóbora. Daí lembrei que a minha grande amiga Fanny tinha postado uma
receita no blog dela há um tempo atrás. Fui lá copiar e fazer a minha versão.

Comecei a ler os comentários e vi que muita gente dizia que não gostava de pumpkin pie. Eu tinha certeza absoluta que ia adorar. TINHA! Agora posso dizer que existe uma versão de abóbora que eu não gosto, a pumpkin pie! De qualquer forma, a receita está aí para quem quiser tentar. Mas não me darei por vencida, testarei outras receitas que encontrei por aí quando tiver um tempinho sobrando e mais nenhuma receita que eu queira experimentar no meu caderninho. É, vai levar um bom tempo...

Pumpkin Pie

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Para a Pâte Sucré
(Receita de Christophe Michalak)
190g de farinha
20g de fécula de batata
90g de açúcar de confeiteiro
130g de manteiga
35g de farinha de amêndoa
1 pitada de sal
1 ovo
Bata a manteiga em temperatura ambiente com o açúcar de confeiteiro.
Acrescente o ovo.
Adicione a farinha, a fécula e o sal, previamente misturados.
Enrole a massa num papel filme e deixer repousando na geladeira por, no mínimo, duas horas.
Abra a massa e coloque numa forma de 28cm.
Asse a 180ºC durante 10 min.
No meu caso, eu fiz mini tartelettes. Abri a massa e cortei com um aro, formando pequenos discos de pâte sucré.

Para o Recheio
500g de abóbora
10g de manteiga
2 ovos
70g de açúcar mascavo
170g de nata
1/2 colher de sopa de canela em pó
1/2 colher de sopa de essência de baunilha
1/2 fava de baunilha
Aqueça o forno a 180ºC e coloque a abóbora cortada em pedaços dentro de uma forma e asse até ficar macia. Raspe o interior com uma colher e descarte a casca.
Com a ajuda de um mix, reduza a abóbora em purê, acrescentando a manteiga. Espere esfriar.
Ainda utilizando o mix adicione os ovos, o açúcar, a nata, a canela e a baunilha.
Despeje na massa pré cozida e asse durante 45 min a 160ºC.
Essa receita é para uma torta de 28 cm. Como eu fiz mini tartelettes, coloquei para assar em uma forma de mini semi-esferas em silicone e assei por 10 minutos. Depois coloquei rapidamente no congelador para endurecerem. Retirei a semi-esfera e coloquei sobre a base de pate sucré.

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Cubinhos de Abóbora em Calda
Descasque e corte 200g de abóbora em cubinhos de 1cm. Coloque dentro de um recipiente com água e uma colher de sopa de cal virgem durante uma hora. Retire os cubinhos da água com cal e lave os mesmos em água corrente.
Prepare uma calda com 4 copos de água para 2 copos de açúcar e uma fava de baunilha. Depois que começar a ferver, espere uma dezena de minutos e coloque os cubinhos de abóbora dentro. Deixe cozinhar até ficar macio.


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Doce de Abóbora Ralada
Rale 100g de abóbora e reserve.
Prepare uma calda com 2 copos de água e 1 copo de açúcar. Deixe essa calda cozinhar bastante até ficar bem densa. Aí coloque a abóbora ralada, que vai cozinhar muito mais rápido que a abóbora em cubinhos. Um pouco antes do término da cocção, adicione um pau de canela e cravo da índia a gosto.
Eu guardei cada tipo de abóbora dentro de sua própria calda na geladeira durante dois dias para as especiarias de cada uma pegarem bem o gosto.


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Sementes de Abóbora caramelizadas e Caramelo de Calda de Abóbora para Decoração
Separe as sementes, lave e coloque para secar sob o sol. Em seguida despeje as sementes dentro de uma forma e coloque em forno baixo para tostar.
Enquanto isso pegue um pouco da calda da abóbora em cubinhos e coloque numa panela. Reduza até formar um caramelo dourado. Jogue as sementes tostadas no caramelo até caramelizarem bem, depois despeje as sementes sobre um tapetinho de silicone.
Utilize o resto do caramelo para fazer decorações.


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Foi com todos esses elemento que montei um pratinho com as variações de uma simples abóbora seca. Nunca tinha comido abóbora em calda com favas de baunilha. Nem preciso dizer que foi o que eu mais gostei. Combina muito bem! Agora, as sementes de abóbora caramelizadas também ficaram uma delícia!

E, voltando a nossa conversa lá em Santos, a conclusão que chegamos é que trocaríamos um jantar no melhor restaurante do mundo por uma mordidinha naquela refeição de infância que só de pensar, acalenta o coração.


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